quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Votar consciente é preciso


Em outubro próximo vamos passar por mais um processo eleitoral, onde iremos eleger, através do voto direto, os políticos que irão governar o Brasil na esfera estadual e federal, por quatro anos, em especial, o Presidente da República.
            A nossa história política sempre foi marcada pela não participação da população no processo eleitoral. Por muito tempo, valeu o “voto censitário”, ou seja, para votar e ser votado era preciso dispor de um certo poder econômico. Também tivemos momentos em que que o ato de votar era “nominal”, pois os eleitores votavam sob a segurança de capangas dos políticos, o que significava uma eleição fraudulenta, onde o eleitor não dispunha da liberdade em quem desejaria votar.
            A Constituição Federal de 1824 não proibiu explicitamente o direito das mulheres e escravos de votarem. Mas como para os padrões da época, estes dois segmentos não faziam partem da sociedade e da cidadania, eles nem se manifestavam, pois eram seres humanos invisíveis para sociedade e não detinha nenhum papel social. Como a Constituição Federal nãos os permitiam ou proibiam o exercício do voto, a percepção da época era como se eles não existissem.
            A primeira vez que uma mulher exerceu seu voto no Brasil foi em 1880, pela dentista Isabel de Mattos Dillon, do Rio Grande do Sul. Ela se fez valer do fato da Constituição não proibir o voto feminino e exigiu sua inclusão na lista dos eleitorados. Só no ano de 1932, no Governo Vargas, através do Decreto-Lei 21.076, que foi permitido a participação feminina na política. Mas este direito tinha algumas restrições, pois apenas as mulheres casadas poderiam exercer este direito, desde que contasse com a autorização dos seus esposos. Já para as mulheres viúvas ou solteiras, elas só poderiam votar se fossem detentoras de renda própria. Apenas na Constituição de 1934 que estas barreiras foram eliminadas permitindo apenas o direito de votar e não sua obrigatoriedade de participar do voto. O voto feminino passou a ser obrigatório apenas em 1946.
            Hoje, apesar de vivermos um período mais democrático, ainda convivemos com as mesmas práticas do passado. Não na mesma dimensão e estilo. Substituíram os capangas pelos meios de comunicação que distorcem a realidade e procuram mostrar só aquilo que é de interesse da classe dominante.
            Votar não é apenas depositar seu voto na urna eletrônica e se sentir cidadão pelo fato de ter a liberdade de escolher em quem vai votar. Numa democracia representativa como a nossa, o voto é de grande importância para mudarmos a realidade em que vivemos, mas não é suficiente para construirmos um Brasil mais justo e igualitário.
            Votar só pode ser considerado um ato de cidadania quando tomarmos parte diretamente no processo eleitoral; discutindo, propondo ideias, participando dos debates e conhecendo as reais propostas dos partidos políticos e de seus candidatos. Não existirá democracia e cidadania enquanto os meios de comunicação continuarem um instrumento a serviços do sistema dominante, desinformando mais do que informando, enquanto o Legislativo continuar atrelado ao Executivo, enquanto o Judiciário continuar referendando ou julgando, de forma seletiva, as ações do Presidente da República, enquanto os cidadãos continuarem afastados das decisões políticas, seja a nível municipal, estadual e federal. Enfim, não há democracia sem participação popular.
            Mesmo que os recentes exemplos das ações de vários políticos tenham nos causados uma desconfiança em relação a política, essa desilusão não contribui com nada positivo, se nos afastarmos do processo político. O importante é fazermos diuturnamente e não apenas no período político a nossa participação. Devemos fazer do período político um momento especial para nossa discussão, nossa participação e procuramos analisar as propostas de cada candidato, procurando conhecer a sua história, se as referidas propostas já foram utilizadas nos palanques das eleições anteriores, bem como tentar descobrir se elas já foram postas em práticas ou não. Porque quais todas as plataformas políticas dos candidatos são apenas uma repetição, porém, com uma nova roupagem. Devemos ter um olho olhando para frente e o outro no retrovisor.
            Podemos entender a política como tudo aquilo que nos diz respeito, já que todas as decisões tomadas pelos políticos nos atingem de forma positiva ou negativa. Temas como saúde, educação, segurança, meio ambiente, habitação, economia, aposentadoria, tudo funciona de acordo com as decisões tomadas pelos políticos que elegemos. Por isso, se faz necessário muito cuidado na hora de votar. Um voto não pensado significa um desastre para o futuro da sociedade.
            Não podemos e não devemos ser “ a político”, pós no momento em que abrimos mãos do nosso direito de pensar e de participar das decisões políticas, estamos deixando de ser cidadãos e transferindo, desta forma, aos políticos o poder de decidir e agir em nosso nome.

Por: Francisco Valdeci Vasconcelos
        Graduado em História.