Iniciativa já documentou presença de grupos criminosos em 1.444 territórios do Estado, a partir de relatos de seguidores
Nas redes sociais, uma comunidade com milhares de integrantes foi formada para acompanhar os desdobramentos dos conflitos entre facções criminosas. São grupos em redes sociais como Whatsapp e Telegram, canais no Youtube, páginas no Instagram e, até mesmo, um projeto colaborativo para mapear a atuação dessas organizações criminosas no Estado.É o caso de um projeto batizado como Portal Cearense 5.0, que mapeou a atuação das facções em 1.444 territórios do Estado, entre comunidades, bairros e municípios. Conforme o levantamento, no Estado, atualmente, 705 territórios teriam atuação da facção Comando Vermelho (CV); 555, teriam atuação da Guardiões do Estado (GDE); 102, teriam atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC); e 82, teriam atuação dos Neutros ou Massa Carcerária. O levantamento ainda aponta 27 comunidades em que os grupos estão em disputa pelo controle.
O mapeamento é feito por jovens voluntários, a partir de relatos de seguidores em redes sociais. Um desses espaços que permite aos administradores do mapa informações sobre a atuação das organizações criminosas é um grupo do Telegram que tem mais de 4 mil integrantes. No Instagram, o “Portal Cearense” tem 2.941 seguidores. Além disso, matérias da imprensa e de páginas de informações policiais contribuem com o levantamento.
O idealizador da iniciativa, um jovem de 18 anos, que terá a identidade preservada. Ele conta que o projeto teve início em maio de 2021, a partir do interesse que tinha em estudar a criminalidade no Estado. Antes do mapa, o jovem mantinha um canal no Youtube que relatava fatos do conflito entre as facções no Estado. Hoje, ele e outros dois amigos alimentam as informações do mapa.
O mapeamento foi possível graças a um amigo dele, do Rio de Janeiro, que o ensinou a utilizar a ferramenta My Maps. No Rio, esse tipo de levantamento é mais comum; o mais famoso desses projetos, chamado de Pista News, colaborou em um estudo sobre a atuação das facções na cidade, ao lado do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), datalab Fogo Cruzado, Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e o Disque-Denúncia.
O estudo, divulgado em 2020, mostrou que 57,5% do território da cidade do Rio de Janeiro é dominado por grupos milicianos, enquanto 15,4% têm controle de facções do tráfico e 25,2% estão em disputa.
No Ceará, o levantamento do “Portal Cearense” é bastante usado por entregadores, moradores de bairros faccionados e até mesmo alguns policiais, diz o seu idealizador. Diante de uma realidade em que morar em um território e ir para outro pode resultar em uma sentença de morte, saber qual grupo criminoso atua em determinado bairro torna-se bastante importante. “No app do Google Maps, você consegue pesquisar se tal hospital é próximo de alguma área faccionada”, ele exemplifica.
Para ter acesso ao mapa com atuação das facções por território, é preciso entrar em contato com os idealizadores do projeto a partir das contas no Instagram portal_cearense_oficial e mapa_digital_ce. É cobrada uma taxa de R$ 10 para o acesso.
Fonte: Notícias QAP Ceara, Portal Cearense, do povo
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